sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Legislação Educacional (Pós-graduação - SIMONSEN)

Censo do ensino superior mostra queda no número de formandos em faculdades brasileiras
Trata-se da primeira retração de concluintes em dez anos, segundo MEC. Cresce o universo de matrículas
POR DEMÉTRIO WEBER / LEONARDO VIEIRA
09/09/2014 16:00 / ATUALIZADO 09/09/2014 21:39


Enquanto número de matrículas cresce, quantidade de formandos diminui 
BRASÍLIA e RIO - O Censo da Educação Superior de 2013, divulgado nesta terça-feira, traz uma boa e uma má notícia para o ensino do país. Apesar de a pesquisa ratificar a tendência de aumento no número de matrículas, constatada ao longo da última década, os dados também mostram que caiu o número de estudantes se formando nas faculdades brasileiras. Trata-se da primeira queda desse tipo registrada em dez anos, já que, desde 2004, o universo de concluintes vinha crescendo ano a ano. Os números foram divulgados pelo Ministério da Educação (MEC).
No ano passado, 991.010 alunos de graduação concluíram seus cursos em todos os estados do Brasil. Isso representa uma redução de 5,7% em relação a 2012, quando se formaram 1.050.413, o recorde nacional. Houve também uma leve diminuição, de 0,2%, no total de ingressantes no ensino superior: em 2013, foram 2,742 milhões de novos alunos, isto é, 4.139 a menos que em 2012.
A queda no número de formandos foi puxada, principalmente, pela rede privada. Em 2012, 812.867 estudantes se formaram em faculdades particulares. Em 2013, eles foram 761.732. Ou seja, uma redução de 6,7%. Já a rede pública, que em 2012 registrou 237.546 concluintes, formou 229.278 novos profissionais em 2013. Um recuo de 3,5%.
Essa queda do número de concluintes ocorreu apesar do acréscimo de 3,8% no total de alunos matriculados em cursos de graduação em 2013. Na comparação com 2012, a quantidade de matrículas subiu de 7.037.688 para 7.305.977.
Ao longo da última década, contudo, o saldo ainda é positivo. O número de formandos cresceu quase na mesma proporção que o de matrículas. De 2003 a 2013, segundo o Censo da Educação Superior, o total de matrículas aumentou 85,6%, passando de 3,9 milhões para 7,3 milhões; e o de concluintes, 86,2%, subindo de 532,2 mil para 991 mil.
O ministro da Educação, Henrique Paim, disse que a redução do número de formados em 2013 ocorreu em cursos presenciais da rede privada e em cursos a distância da rede pública. Paim admitiu que não tem uma explicação para a queda, mas ressalvou que os dados serão analisados. Ele levantou a hipótese de que ações de regulação, como a suspensão de vestibulares de faculdades de baixa qualidade, possam ter contribuído para diminuir a quantidade de universitários que concluiu a graduação.
- Não temos resposta. Precisamos de mais detalhes para analisar e cruzar com os dados da supervisão. Temos que ver se foi algo puxado por uma instituição ou uma região específica – disse Paim, em entrevista coletiva sobre o Censo do Ensino Superior 2013, na tarde desta terça-feira.
No entanto, à noite, o ministério divulgou uma nota afirmando que 97% da queda no número de graduandos estão concentradas em 14 instituições de ensino superior entre as mais de 2,4 mil existentes no país. O órgão acrescenta, ainda que, dessas instituições, a maioria passou por supervisão que resultou em suspensão, redução de vagas ou descredenciamento.
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Chico Soares, observou que a redução de formados nos cursos a distância da rede federal se deve ao fato de que muitos desses cursos não tinham previsão de continuidade. Assim, depois de formarem a turma original, foram encerrados.

Paim destacou que a diminuição de 0,2% no número de ingressantes nos cursos superiores ocorreu na educação a distância, a chamada EAD. Ele novamente aventou a possibilidade de que medidas de supervisão do MEC possam ter contribuído para reduzir o número de alunos, à medida que cursos de baixa qualidade tenham sido fechados.
De acordo com a pesquisadora da Unicamp, Helena Sampaio, especialista em ensino superior, a queda no número de formandos pode estar ligada à diversificação do perfil do universitário.
– Com a expansão no número de vagas, mais jovens de baixa renda, adultos e idosos se interessam pelas faculdades. São pessoas que estudam à noite, trabalham e tem filho, fatores que dificultam a regularidade do estudo. É gente com mais idade, que muda de emprego, que casa pela segunda vez, tem o terceiro filho...
Outro fenômeno apontado por Sampaio como uma das possíveis explicações para o declínio de concluintes é a maior oferta de possibilidades no ensino superior, tanto na parte do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) quanto no Programa Universidade para Todos (Prouni) e Fies. Neste caso, a queda de formandos seria um 'efeito colateral' das iniciativas do próprio MEC.
– No Sisu, todo ano o estudante pode tentar vaga para mais de 50 universidades. Além disso, o Prouni e Fies podem ser usados por bolsistas como mecanismos para que ele percorra um caminho em direção a uma vaga em universidade de qualidade. E assim ele pula de um curso para outro, aumentando a evasão. Dadas as facilidades de mobilidade dentro do sistema, o universitário consegue circular mais – explica.
A maior oferta de oportunidades é destacada também por Renato Pedrosa, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp e especialista em políticas relacionadas à educação superior. Ele chama atenção, no entanto, para o aumento do peso dos cursos a distância no total de matriculados. Esse tipo de ensino teve queda de 7,6% no número de concluintes entre 2012 e 2013.
- No passado, houve um grande aumento nos ingressantes pelo ensino a distância. Esse sistema, como sabemos, tem menos eficiência quando comparamos o número de ingressantes com o número de concluintes quatro ou seis anos depois. Por isso, a eficiência total do sistema cai - analisa. - Um aspecto importante é que esse sistema (a distância) é não só menos eficiente, como tem uma qualidade questionável. As pessoas não têm uma vivência na instituição ou acesso a uma boa biblioteca, por exemplo.
REDE PRIVADA CRESCE MAIS
O censo revela também que 73,5% dos estudantes de graduação frequentavam instituições particulares em 2013, o que correspondia a 5,3 milhões de alunos, ante 26,5% de matrículas em instituições públicas. Universidades e institutos federais atendiam a 1,1 milhão de estudantes, ou 15,6% do total. A rede privada cresceu mais do que o pública entre 2012 e 2013, alcançando elevação de 4,5% no total de matrículas, ante 1,9% na pública.
Em todo o país, 2.391 instituições de ensino ofereceram 32.049 cursos de graduação, em 2013. Dos 7,3 milhões de alunos de graduação no Brasil, 1.153.572 estavam matriculados em cursos a distância, o que representava 15,8% do total. Cursos tecnológicos respondiam por 13,6% das matrículas. Em 2003, esse percentual era de apenas 2,9%.
Em números absolutos, houve aumento de 55% nas matrículas dos cursos de licenciatura (formação de professores): elas passaram de 885.384, em 2003, para 1.374.174, em 2013.
Os cursos de Administração continuavam sendo os mais procurados no ano passado, com 800,1 mil alunos. Em segundo lugar, os de Direito, com 769,8 mil; e em terceiro, os de Pedagogia, com 614,8 mil.
Segundo o censo, cursos de mestrado e doutorado tinham 203.717 alunos no ano passado, enquanto os cursos sequenciais de formação específica atendiam 16.987. Somados os estudantes de graduação e pós-graduação, o ensino superior brasileiro tinha 7,5 milhões de estudantes e 321,7 mil professores lecionando.


Governo não atinge metas do Ideb para ensino médio e nem para anos finais do fundamental

País só cumpriu objetivo estipulado para início do ensino fundamental. Dados foram divulgados nesta sexta
POR DEMÉTRIO WEBER, LAURO NETO E WASHINGTON LUIZ
05/09/2014 14:59 / ATUALIZADO 05/09/2014 19:05




BRASÍLIA – O Brasil não atingiu as metas do Ideb para 2013 nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e no ensino médio. A meta para 2013 só foi atingida nos anos iniciais do fundamental (1º ao 5º ano). A meta do ensino médio para 2013 era 3,9, mas a média nacional ficou em 3,7. Nos anos finais, a meta era 4,4, mas o resultado foi de 4,2. Já nos anos inciais, a meta era 4,9 e foi ultrapassada, já que a média nacional atingiu 5,2.
As escolas particulares não alcançaram as metas em nenhuma das três fases de ensino. No caso dos anos inciais do ensino fundamental, apenas elas não alcançaram a meta do Ideb. A projeção era que essas escolas atingissem o índice de 6,8, mas ficaram com 6,7. A situação se repete nos anos finais. Enquanto a meta era de 6,5, o alcançado pelas particulares foi de 5,9. Já no ensino médio, a projeção era de 6, mas ficou em 5,4.
Em comparação com os dados divulgados pelo último Ideb, em 2011, o resultado do ensino médio ficou em 3,7, no Brasil, mesmo resultado registrado há dois anos. O resultado diz respeito ao universo de escolas públicas e privadas.
Nos anos finais do ensino fundamental, houve uma elevação de 4,1, em 2011, para 4,2 no ano passado. Nos anos iniciais do fundamental foi registrado um aumento de 0,2 em relação a 2011, quando o Ideb dos anos iniciais ficou em 5,0.
Dos 5.369 municípios com meta calculada para 2013, na rede pública, nos anos finais do fundamental, apenas 2.125 atingiram essas metas, o equivalente a 39,6%.
De 2005 a 2013, o Ideb do ensino médio subiu de 3,4 para 3,7. Nos anos finais do ensino fundamental, o aumento foi de 3, 5 para 4,2 no mesmo período. O maior avanço foi registrado nos anos iniciais do ensino fundamental: de 3,8, em 2005, para 5,2 em 2013.
Nos anos iniciais do fundamental, 71,7% dos municípios com meta calculada para 2013 na rede pública atingiram a meta. Isso significa que 3.797 municípios obtiveram o resultado esperado em um universo de 5.293 cidades
Especialistas comentam resultados

Doutora em Educação pela PUC-Rio, Andrea Ramal atribui o não atingimento de metas nos anos finais do ensino fundamental e no médio principalmente à falta de continuidade nas políticas públicas para a educação.
- Nos últimos 10 anos, tivemos cinco ministros da Educação, nem todos especialistas na área. Emana do próprio poder central, do MEC, um senso de descontinuidade, que se reflete também nos estados e municípios. Temos escolas com notas comparáveis às da Coreia do Sul, mas são casos isolados. Para melhorar o conjunto, só com uma continuidade de gestão. Reinventa-se a roda continuamente, sem sair do lugar - diz Andrea.
Para a especialista, o principal gargalo ainda continua a ser o ensino médio. Além da estagnação na média do Brasil em 3,7, na rede particular a nota caiu de 5,7 para 5,4. Na rede pública, ela explica que há um fator social, do abandono e da evasão escolar pela necessidade na entrada de mercado. Mas, no geral, ela aponta que a o ensino é pouco atrativo para os jovens de qualquer classe. Além da reforma curricular, Andrea fala da conjuntura estrutural:
- É preciso atacar o currículo, pois os alunos não estão aprendendo tudo o que deveriam. Mas precisamos também melhorar metodologia e motivação. Falta uma política consistente para fazer uma mudança radical no ensino médio. Os alunos que têm acesso a novas tecnologias não aguentam mais uma escola que mantém um método do século passado.
O presidente do instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, diz que a queda nas médias do Ideb da rede privada (nos anos finais do ensino final, a nota caiu de 6 para 5,9) pode estar associada ao maior acesso de classes econômicas menos favorecidas nos últimos anos.
- No caso das escolas particulares, que pioraram um pouco, a interpretação é mais complexa, pois elas não estão sujeitas a problemas de fluxo escolar, pois nelas a reprovação é muito baixa. Uma possibilidade seria o ingresso de contingentes expressivos de alunos de classe econômica C e abaixo dela - avalia Oliveira.
Ele critica também a demora e a forma da divulgação dos dados do Ideb:
- A falta de transparência e a mudança na forma de divulgação, em conta-gotas, não ter uma data certa para divulgar, isso tudo é muito ruim. Há uma politização da Prova Brasil no pior sentido da palavra. As poucas melhorias não são explicadas por políticas consistentes de educação. Enquanto continuar o modelo de grande quantidade (de alunos) e qualidade ruim na rede pública, a tendência é piorar. Não há razão para se esperar grandes flutuações nos resultados, pois não há políticas públicas que justifiquem mudanças.
Para a pedagoga da Universidade de São Paulo (USP) Paula Louzano, o principal nó está na passagem de ciclos do ensino fundamental, dos anos iniciais para os finais, e não na mudança para o ensino médio. Acadêmica com doutorado em Política Educacional pela Universidade de Havard, ela aponta, entre outros fatores, a ausência de iniciativas do governo federal nessa fase.
- O MEC não tem política pública para o ciclo do ensino fundamental 2. Para mim, o ensino médio é reflexo disso. O aluno chega mal preparado e rebaixa o nível. Não conseguimos refletir o resultado da melhoria no primeiro ciclo. O conhecimento é mais complexo, menos trivial do que no fundamental 1, demanda um professor mais bem preparado, uma escola mais equipada. Fica mais difícil fazer um trabalho de gestão escolar. Os problemas de comportamento se agravam nessa faixa etária, ainda mais quando há baixo investimento e falta de infraestrutura - analisa Paula.
A especialista também criticou a forma de divulgação do Ideb pelo MEC:
- O primeiro problema é a divulgação dos dados não completos, uma falta de cuidado. Na última edição não foi assim. As planilhas eram mais claras e traziam as notas da Prova Brasil. Espero que as informações dos questionários socioeconômicos, que ajudam a entender melhor esses resultados, não demorem mais um ano para serem publicadas.
Secretário de Educação comemora resultado do Rio no Ideb
No município, o quadro é de estagnação, com recuo de 0,1% no Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental
POR GABRIELA LAPAGESSE  / EDUARDO VANINI
05/09/2014 13:09 / ATUALIZADO 05/09/2014 17:05

RIO - O Secretário estadual de Educação do Rio de Janeiro, Wilson Risolia Rodrigues, comemorou o resultado da terceira maior nota no ensino médio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nesta sexta-feira, com base nos anos 2013/2014. Com média 3,6, o Rio ficou atrás apenas de Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul. O resultado apresenta um aumento de 13% em relação ao estudo anterior, feito em 2011/2012.
— Estamos muito felizes. Isso é resultado de muito trabalho, de uma gestão de fato. Sabemos que temos que melhorar mais ainda. Tudo o que foi feito, foi pensando em 2023. O objetivo agora é obter a melhor nota no próximo Ideb — explicou o secretário, que assumiu a pasta no fim de 2010.
De acordo com Wilson Risolia, um dos maiores motivos de comemoração é a possibilidade de diminuir a diferença que existia entre o ensino público e o privado.
— Estamos crescendo e isso é muito importante. Em 2009, o Ideb da rede estadual era 2,8 e o da privada, 5,7. Em 2011, já conseguimos melhorar mais e, neste estudo atual, chegamos a 3,6, e a rede privada ficou com 4,8. Reduzir este abismo era algo que sempre nos cobramos — disse.
Para o secretário, a explicação para esta evolução se deu por um conjunto de ações, desde fazer um diagnóstico concreto sobre a educação no estado até conseguir colocar em prática ações que realmente fizeram a diferença.
— Antes, os alunos do ensino médio eram avaliados só uma vez ao ano e, mesmo assim, existia boicote. Agora eles são avaliados a cada bimestre, e temos equipes que analisam estes resultados e dão reforço aos alunos naquilo que eles precisam. Ou seja, eles ganham um acompanhamento paralelo. Além disso, investimos na capacitação dos profissionais de educação. Uma das taxas que mais comemoramos foi a redução de 16,5% que foi divulgada pelo Ideb como taxa de abandono escolar em 2007, e chegar agora a 7,3% — contou Wilson.


Para o secretário, ter trocado alunos de turno, por exemplo, também já trouxe bons resultados, uma vez que em turmas que assistiam aulas no período da noite a diferença de idade chegava a 60 anos em 2010.
MUNICÍPIO NÃO APRESENTA RESULTADOS TÃO BONS
Na cidade do Rio de Janeiro, o quadro é de estagnação na rede municipal, com recuo de 0,1% no Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental. O índice caiu de 5,4 para 5,3. Ainda assim, o valor fica dentro da meta de 5,3 prevista para 2013. Já nas séries finais do ensino fundamental, a nota permanece em 4,4 nos dois anos. Neste caso, a meta era chegar em 4,6 em 2013.
 Apesar do quadro, a secretária municipal de Educação, Helena Bomeny, enxergou a situação da cidade de forma positiva.
- A gente considera muito exitoso o nosso resultado do Ideb, porque mostra um aprendizado consistente. Todos sabem que a gente teve mais de 80 dias de greve no ano passado. São quase 3 meses sem aula, ou 40% do ano letivo. Então, esse resultado mostra consistência. É um sucesso - disse.

A titular da pasta informou que uma nova estratégia será adotada na educação municipal, a partir do ano que vem:- Vamos começar o ano para o 5º e o 9º anos com um programa de capacitação de professores voltado para matemática e português. Queremos recuperar o avanço que certamente teria acontecido se não fosse a greve.



Textos trabalhados em sala de aula na disciplina Legislação Educacional, na Simonsen

Brasil é o penúltimo em ranking internacional de investimento por aluno

Média nacional, de US$ 3.066, é um terço da verificada nos 35 países pesquisados pela OCDE

POR LEONARDO VIEIRA E ANDREA RANGEL
09/09/2014 6:00 / ATUALIZADO 09/09/2014 9:10
RIO - Poucos dias depois de o Ministério da Educação divulgar, com atraso, um desempenho decepcionante do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2013, o relatório Panorama da Educação de 2014 da OCDE - o clube dos países ricos -, a ser apresentado nesta terça-feira em Paris, mostra que o investimento do Brasil no setor continua muito aquém do desejado. E bem distante da média das nações mais desenvolvidas. Segundo os dados coletados pela organização, o país é o penúltimo entre 35 pesquisados no que toca a investimento por aluno nos ensinos fundamental, médio e superior.
De acordo com o estudo, o gasto médio anual brasileiro por estudante, de US$ 3.066 em 2011, só supera os US$ 625 da Indonésia. Os valores nacionais são inferiores aos de países de renda similar, como Turquia (US$ 3.240), México (US$ 3.286) e Hungria (US$ 5.410) e muito distantes da média de US$ 9.487 do conjunto de países que compõem a OCDE (organização da qual o Brasil não faz parte). No topo da tabela figuram nações como Suíça (U$ 16.090) e Estados Unidos (US$ 15.345).
O relatório da OCDE destrincha ainda os investimentos per capita por segmento da educação. E o resultado tampouco é animador. No que tange ao ensino médio em 36 nações analisadas, por exemplo, o Brasil só ganha de Indonésia e Colômbia em montante empenhado. Nosso valor, de US$ 2.605 por aluno, fica atrás dos de Argentina (US$ 3.184), Turquia (US$ 3.239) e México (US$ 4.034).
ENSINO SUPERIOR RECEBE MAIS
Foi exatamente o ensino médio o que mais enfrentou dificuldades no Ideb de 2013. Pelos números do MEC, apenas nove das 27 redes estaduais apresentaram melhora no indicador em relação a 2011. Segundo os dados da OCDE, há uma enorme discrepância no investimento por aluno quando se comparam os ensinos fundamental e superior brasileiros. Este último tem quatro vezes mais recursos que o outro.
- A disparidade também ocorre porque, no ensino superior, são incluídas despesas com pesquisa e extensão. Mas reflete nosso modelo universitário, que prioriza universidades públicas de excelência destinadas à elite. No final, temos poucas, boas e pequenas instituições de nível superior - explica Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Em resposta ao GLOBO, o MEC afirmou que não é política do governo federal priorizar investimentos na educação superior. O órgão explicou que “anteriormente, a diferença era de 11 vezes mais investimentos no ensino superior do que na educação básica e hoje está em 4 vezes”. A pasta também informou que “o orçamento do MEC antes era 20% destinado à educação básica, hoje está em 50%”.

Questionado sobre a destinação das novas receitas provenientes do pré-sal para a educação, como parte do cumprimento da meta do PNE, o MEC explicou que as verbas serão destinadas à educação básica.
Divulgado anualmente, o Panorama da Educação é um dos relatórios mais abrangentes da OCDE. Como o Brasil é “parceiro” do grupo, a educação nacional é analisada em grande parte dos tópicos do estudo.
50% DE CRESCIMENTO
A OCDE não destacou, entretanto, apenas números negativos para os brasileiros. Entre 2005 e 2011, por exemplo, houve aumento de pelo menos 10% no gasto por aluno em 23 dos 34 países. O crescimento foi superior a 50% em Brasil, Chile, Polônia e Eslováquia. A própria organização ressalta que a base desses países era bem inferior à média.
Os dados do Brasil ficam próximos ao do grupo de países ricos quando se analisa o total de gastos públicos em educação proporcionais ao PIB. Em 2011, as verbas destinadas ao setor representaram cerca de 5,9% do conjunto de riquezas nacionais, algo próximo à média dos membros da OCDE, de 6,1%. O estudo reconhece que o investimento público brasileiro cresceu significativamente na última década, passando de 3,5% para 5,6% do PIB, entre 2000 e 2010.
A tendência deve ser reforçada com a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) neste ano, cuja meta principal é a destinação de 10% do PIB para a educação até 2024. Os recursos do pré-sal devem ser utilizados para cumprir esse objetivo.
- A destinação de 10% do PIB para a educação é emergencial. Houve um atraso histórico no investimento em educação pública no Brasil, que pode ser comprovado quando comparamos a porcentagem da população que frequenta escolas e universidades públicas desde o início do século passado - destaca Rafael Parente, assessor do Movimento Todos Pela Educação - Essa demora em levar crianças e jovens para a escola é comprovada mesmo quando nos comparamos com os países mais pobres da América Latina. Isso significa que ainda temos vários custos que outros países já não têm mais.
PROFESSORES GANHAM MENOS
No Brasil, um professor iniciante da rede pública, que dá aulas nos primeiros anos do ensino fundamental, ganha em média cerca de US$ 10.375 por ano. Esse valor põe o país acima apenas da Indonésia, onde o mesmo profissional tem salário médio anual de apenas US$ 1.560. A média dos países da OCDE ficou em U$ 29.411. No ensino médio, um professor iniciante no Brasil também ganha por ano US$ 10.375, ficando ainda mais atrás da média da OCDE, de US$ 32.255.
O coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, não se surpreendeu com o resultado da pesquisa. E afirma que o o docente no país não sofre apenas com baixos salários, mas, sobretudo, com más condições de trabalho.
- Quando estive na direção da Campanha Global pela Educação, visitei países da Europa, como Alemanha e Inglaterra. As condições mais precárias nesses países são o que há de melhor no Brasil - compara. - É importante dizer que o piso salarial do professor de educação básica, que hoje está em torno de R$ 1.700 mensais, sequer foi implementado em todo o país. Essa também é uma questão que precisa ser solucionada.








quinta-feira, 26 de junho de 2014

Trabalhos de Fundamentos e Metodologia da Matemática

Os alunos do Curso de Pedagogia, Campus Penha, apresentaram excelentes trabalhos! Os painéis de contagem foram confeccionados em pequenos grupos, usando materiais recicláveis.